Por que eu chamo viado de viado?
21 Dec 2021De vez em quando alguém me pergunta por que eu chamo viado de “viado”. Por que eu me sinto absolutamente confortável em usar palavras como “bicha”, “baitola”, ou “bichona” (em referência ao Zorra Total, inclusive) pra me referir a outros viados? Tem muita gente que acha “ofensivo”, ou se sente desconfortável com essas palavras. Tem gente que inclusive fica perplexa na primeira vez que me escuta dizendo isso. Às vezes, as reclamações vêm inclusive de viados mais conservadores1 com os quais eu tenho a oportunidade de conviver.
Quando o Eduardo Leite saiu do armário, ele recebeu uma certa atenção inclusive da mídia internacional. A Jovem Pan discutiu o assunto no Morning Show:
Aos 3min, eles discutem a reação do Jean Wyllys a um tuíte alheio. Ele diz:
Louvado é um pouco demais. Acho bacana. Aplaudo. Mas miro a notícia com muita crítica e olhar de quem conhece as artimanhas das bichas de direita que optam por sair do armário em certos contextos.
(ênfase minha; não consegui achar o tuíte original)
Ao chegar no “bichas de direita”, a resposta do pessoal da Jovem Pan foi bastante interessante. Alguém até interrompe a leitura pra largar um “que sem educação”. Muita gente acha “deselegante” a palavra (“bichas”) que o Jean Wyllys usou. O objetivo dessa postagem é explicar por que, na verdade, o Jean Wyllys não disse nada de mais. Que o significado que ele tava atribuindo à palavra é diferente do significado que o pessoal da Jovem Pan interpretou. A idéia é fazer uma “jornada” por um monte de assuntos, tentando entender a minha perspectiva sobre como as palavras “recebem” o seu significado, e sobre como o modo como as pessoas à nossa volta usam as palavras influencia o modo como a gente as entende.
Antes, porém, é necessário fazer uma ressalva: a discussão a seguir é (pelo menos do meu ponto de vista) independente de “orientação ideológica”. Eu não sou um esquerdista que acredita que, por exemplo, só viado pode usar a palavra “viado”. Pelo contrário, eu sou contra essa visão, e acredito que essa crença só alimenta uma maior divisão, um maior “nós contra eles”. Minha impressão é que essa visão é baseada essencialmente em um grande ad hominem ideológico/identitário, que conflita em muito com a discussão que eu vou propôr a seguir. Ao mesmo tempo, eu concedo um ponto: que o significado da palavra “bicha” quando usada por um Jean Wyllys é diferente do significado da palavra “bicha” quando usada, por exemplo, pelo Eduardo Bolsonaro (e o porquê disso vai ficar claro mais pra frente). (Mas eu não quero entrar nessa discussão… então sigamos para a coisa interessante.)
A Hipótese Distribucional, ou seja, “como computadores entendem palavras?”
A inteligência artificial “tomou o mundo”. Da busca no Google, às recomendações de amigos do Facebook, às sugestões de produtos na internet, aos filtros de spam, passando pelos reconhecimento facial do Instagram, e pelo aviso de atividade suspeita no cartão de crédito, até os mais atuais “Deep Fake” que têm tornado cada vez mais difícil reconhecer o que é e o que não é fake news.
Uma das áreas em que muito progresso foi feito nos últimos ~10 anos é a de Processamento de Linguagem Natural, ou seja, como fazer com que computadores processem textos/voz de forma “inteligente”. Antigamente, ao fazer uma busca no Google, era normal evitar certas palavras “inúteis” (como “de”, “ou”, “sobre”, “e”, …) porque elas mais atrapalhavam os resultados do que ajudavam; hoje em dia, a gente escreve uma frase completa com erros de português e geralmente espera que ele adivinhe o que a gente quer. De fato, hoje em dia, tanto o Google como o Facebook traduzem texto automaticamente em várias línguas com uma qualidade relativamente decente. Os filtros de spam funcionam, e o Youtube até gera legendas razoáveis pros seus vídeos.
Cada uma dessas coisas (traduzir, categorizar emails como spam ou não-spam, transformar audio em texto) é uma “tarefa” que os engenheiros trabalhando com aprendizado de máquina tentam resolver. Existem muitas outras: o Mercado Livre pode estar interessado em analisar os comentários dos seus produtos pra decidir se os comentários são positivos ou negativos (isso leva o nome de “análise de sentimento); um serviço de atendimento ao cliente que receba mensagens de clientes pode estar interessado em chutar (com base no texto) qual o problema do cliente (dependendo do caso, isso é chamado de “classificação de texto” ou de “reconhecimento de intenção”), etc. O que todas essas tarefas têm em comum é que elas, em última análise, invariavelmente lidam com palavras (ou seqüências de palavras) e precisam representar (de alguma forma, normalmente com números) as características dessas palavras.
Uma das grandes sacadas que permitiram a essa área se desenvolver e prosperar e se tornar o que ela é hoje é que o significado das palavras não é algo isolado, e depende das outras palavras ao redor. Deixa eu tentar inventar um exemplo. No exemplo a seguir, eu uso uma palavra aleatória (catralaca, que eu inventei agora), cujo significado é bastante óbvio:
Eliza chegou ao parque e tirou de sua mochila um pedaço de papel. Queria escrever um pouco o que quer que viesse à sua mente. Ao buscar por seu estojo, percebeu que o esquecera em casa. Resolveu então usar a catralaca que tinha ganho de um amigo no dia anterior e que ainda estava na mochila. Não era boa para escrever: a tinta falhava, e por seu formato bizarro o texto final parecia que fora escrito com a sua mão esquerda. Mas bem, é o que tinha… quem não tem cão caça com gato.
O leitor espertalhão me dirá: “mas isso é óbvio! Se não fosse assim, seria impossível saber o significado de foda”. De fato, foda é uma dessas palavras cujo significado “se inverte”, e só é possível dizer o seu significado com base no contexto:
Esse professor é foda! Ele toca guitarra bem demais! (algo bom)
Esse professor é foda! Faz provas difíceis demais só pra rodar os alunos (algo ruim)
Essa idéia, de que o significado das palavras depende do seu contexto, está presente na concepção de absolutamente TODOS os algoritmos de processamento de linguagem que todo mundo usa hoje em dia, direta ou indiretamente. Todas as aplicações, do sistema de autocompletar do Google, até os “Você quis dizer:” que ele nos oferece quando a gente escreve algo errado… TUDO está relacionado à hipótese distribucional.
Bueno… existem basicamente, duas “versões” da hipótese distribucional: uma versão “fraca” e uma versão “forte”. A seguir, eu tento propôr uma “formulação” (não muito formal… o importante é prestar atenção na diferença) de cada uma das versões:
Hipótese Distribucional (fraca): Dada uma palavra $w$, um contexto $c$ onde $w$ é usada, e o conjunto $C$ de todos os contextos onde essa palavra normalmente é usada, parte considerável do significado de $w$ pode ser estimado com base em $C$ e $c$.
Hipótese Distribucional (forte): Dada uma palavra $w$, um contexto $c$ onde $w$ é usada, e o conjunto $C$ de todos os contextos onde essa palavra normalmente é usada, todo o significado de $w$ pode ser estimado com base em $C$ e $c$.
Eu não acredito muito na versão “forte” da hipótese. Eu acho difícil imaginar que não haja fatores “extralingüísticos” (como o olhar dos jogadores numa partida de truco, ou o “tempo” de um humorista ao fazer uma piada) que definam parte do significado das palavras. Por outro lado, dado o sucesso que essa hipótese teve em gerar algoritmos que funcionam, eu diria que os céus declaram que pelo menos “parte considerável” do significado das palavras é estimável com base nos contextos em que elas são usadas.
“Significa”?
Existem duas coisas importantes que precisam ser levadas em consideração se a hipótese distribucional é verdadeira. A primeira é que os contextos em que as palavras são usadas não são uma propriedade “inerente” a uma língua, mas variam de acordo com a experiência de cada falante. Quando eu uso a palavra “foda”, o significado que ela tem pra mim é baseado em todos os milhares de casos em que as pessoas ao meu redor a usaram. Como meus amigos a usam de forma casual, sem muito “peso”, eu acostumei a escutar “foda” como mais uma palavra comum. Por outro lado, quando a minha avó escuta a palavra “foda” (o que, de fato, não ocorre freqüentemente, porque as pessoas ao seu redor a evitam e somente a usam com sentido extremamente pesado) o significado que vem à sua mente é o significado que a palavra “foda” tinha na sua geração.
Sob essa análise, o significado de uma palavra também não é algo “inerente” à palavra. O significado de “foda” tá na cabeça de cada falante, e o que o algoritmo, portanto, tenta gerar é uma estimativa “média” dos significados nas cabeças de todos os falantes da língua. (Um livro muito interessante que discute o que significa “significado” é um tal de “A User’s Guide to Thought and Meaning”, do Ray Jackendoff2.) É nesse sentido que o significado de “bicha” pro Jean Wyllys é diferente do significado de “bicha” pra alguém como o Eduardo Bolsonaro (ou pro pessoal do Morning Show da Jovem Pan). E é nesse sentido que “viado” pra mim significa algo perfeitamente tranqüilo, enquanto “viado” pra algum conservador provavelmente signifique algo “ofensivo”.
A segunda coisa que deve ser levada em consideração é que, se parte considerável do significado de uma palavra depende dos seus contextos, então essa parte considerável pode ser mudada ao se mudar os contextos em que as palavras são usadas (como justamente exemplificado com a palavra “foda” acima). Ou seja, ao adicionar novos contextos em que a palavra é usada (por exemplo, dizer “viado” em situações neutras ou positivas), ela adquire um novo significado (no exemplo, um significado que não é ofensivo), e se essa palavra passa a ser usada nesses novos contextos mais freqüentemente do que nos contextos antigos, o seu significado “padrão” pode passar a ser o novo (deixando o velho como “arcaico”).
Quando eu digo isso pras pessoas, elas normalmente acham isso absurdo. “Baitola” é uma palavra ofensiva (defendem eles). Esses dias, ao dizer isso pra um amigo, ele entrou no modo “isso aí são as besteiras que tu aprendes nas ciências sociais”. (Ironicamente, essas idéias vêm diretamente da minha experiência com computação! Eu to tirando isso “do cu”… digo… eu não li essas idéias em “artigo científico” algum, ou em trabalho “ideologicamente carregado” das Ciências Sociais. Talvez até haja artigos sugerindo essas mesmas coisas, mas eu não to ciente da sua existência. Isso é 100% o resultado da minha contemplação de uma idéia que, bem, pra falar a verdade, simplesmente funciona.) E eu concordo que soa absurdo. E eu concordo que não é todo o significado de uma palavra que é baseado no uso. Mas a verdade é que esse fenômeno (de as palavras mudarem de significado) é tão freqüente (mas tão freqüente mesmo!) que a gente nem nota.
O conjunto de exemplos mais óbvios é o de palavras como “Amazon”, “Apple” e “Corona” em inglês, que tinham significados específicos (a floresta amazônica; maçã; uma marca de cerveja) até um certo momento, e, em questão de alguns anos (ou semanas, no caso de “Corona”) mudaram radicalmente de significado (uma loja virtual; uma marca de computadores; uma doença). É claro que o significado “velho” não foi embora, mas isso é justamente o resultado do fato de que, bem, a floresta amazônica ainda existe (e é chamada de Amazon), maçãs ainda recebem o nome “apple”, e “corona” ainda é uma marca de cerveja (ou seja, esses contextos ainda aparecem com certa freqüência, apesar de terem sido “eclipsados” pelos outros usos, agora mais comuns).
Um outro conjunto de exemplos é o de palavras como “gay” em inglês (que significava “feliz” em inglês – e ainda aparece em músicas cristãs antigas), ou “judiar/judiaria” em português (que significa “atormentar”, mas originalmente é relacionado aos judeus – há quem diga que tem a ver com o holocausto, mas eu não consigo achar fontes confiáveis sobre isso). (outro exemplo que me vem à mente agora é “homem”, que ao longo do tempo teve o seu significado cada vez mais restrito, inicialmente significando qualquer ser humano – em latim, “homo” significava “humano” – e ao longo do tempo passando a se referir somente a um subconjunto dos seres humanos.3) Hoje em dia, quando alguém diz frases como “I’m gay” (ou seja, sou gay em inglês) ou “não judia da pobre criança”, ninguém tá pensando no uso original. Tanto que muita gente nem sabe do uso original! Ele se foi, e mesmo que alguns estejam “cientes” de que um dia isso significou algo diferente, a gente não se importa com isso (ou, talvez, pelo menos, uma maioria da população não se importa).
Finalmente, eu acho que onde a hipótese distribucional fica mais “clara” é no uso de palavras como “americano” ou “liberal” (ou “homem” e “mulher”, como eu mencionei acima). Diferentes conjuntos de usuários dessas palavras fazem esforços pra impôr a elas o significado que lhes convêm (por motivações políticas, por exemplo), e as usam de forma diferente. O que o esquerdista tenta exprimir quando diz “estadunidense” (evitando se referir à pessoa dos EUA como “americano” e reservando essa palavra ao continente) entra em conflito com o que o que o resto da população entende. O que o acadêmico quer dizer quando fala “liberal” é diferente do que o político entende (ou quer entender). O significado dessas palavras tá no centro da “guerra cultural” que a gente vive hoje no país.
De fato, eu acho que os movimentos políticos (ainda que talvez não tenham uma “teorização” específica sobre como isso funciona) sabem bem do que eu to falando. É por isso que a esquerda falava em “PEC do Calote” enquanto a direita falava em “PEC dos Precatórios”, por exemplo, ou é por isso que o Ernesto Araújo4 chamou o Coronavirus de “comunavirus” ou a Coronavac de “vachina”. Assim, é aqui (nesse contexto político) que eu vejo o meu uso de palavras como “viado”, “baitola”, “boiola”, “bicha”, etc. como útil. O meu objetivo ao usar essas palavras como algo “normal” é fazer a minha parte pra moldar o significado dessas palavras na direção de algo que me é bom. O objetivo é “esvaziar” o significado ruim dessas palavras. Se vai funcionar eu não sei; mas eu acho que eu construí uma “motivação teórica” bem aceitável pra me convencer de que deveria =)
Bônus: Um pouco mais sobre as palavras e seus significados
Tem muito mais pra falar sobre “palavras” e seus significados. Esse é um assunto que quase não tem fim! Aqui, eu só quero comentar sobre duas coisas que, ao escrever essa postagem, e discutindo com amigos, acabaram me parecendo interessantes.
Primeiro, palavras às vezes ganham significados novos porque “se confundem” com outras palavras. Por exemplo, “óptica” normalmente se refere à visão, e ao longo do tempo se tornou “ótica” (pelo menos pras pessoas normais – os estudantes/professores de física não contam como normais). Ela também mudou “internamente” com o tempo: de “área que estuda a visão”, a palavra eventualmente ganhou o significado de “loja que vende óculos”. Só que o problema é: “ótica” já era uma palavra, e se referia ao ouvido (por exemplo, “nervo ótico” é um nervo do ouvido). No fim, o que acaba acontecendo é que o contexto (denovo!) é o que determina o significado de “ótica”: em contextos normais, provavelmente significa “loja”; em contextos técnicos, provavelmente significa “do ouvido”.
Segundo (e relacionado ao primeiro ponto), é interessante se perguntar por que “óptica” virou “ótica”. O motivo é algo bem simples: com o tempo, as línguas passam por “mudanças sonoras”, que mudam os sons das palavras, e que acabam refletidas na escrita. No caso, o português adora jogar fora sons desnecessários. Assim, insectus virou insecto e eventualmente inseto; venatus virou veado; e Iacobus virou Iago (e também virou Jacó – essa história é meio complicada, mas sim: os nomes Iago, Tiago e Jacó vieram da mesma palavra). O ponto é: palavras surgem de formas muito diferentes, às vezes através de mudanças sonoras aplicadas só em certas ocasiões (exprimere virou exprimir e espremer, ou attribuere virou atribuir e atrever), às vezes porque são importadas de outra língua (fiasco significava “garrafa” em italiano, mas mudou de significado de forma não-muito-bem-explicada e eventualmente foi importada com esse novo significado pro português), às vezes simplesmente por alguma razão cultural (como, por exemplo, “tchuchuca” agora voltou a estar em voga significando “o complemento de tigrão” lol; ou “show” e “jóia” passaram a significar “bom”?5) ou aleatoriedades da vida (como, sei lá, programas como o Firefox ou o Internet Explorer são – eram? – chamados de “navegadores”).
Pra terminar, fica aqui (porque um amigo me mandou esse video faz pouco), a palavra “foda” sendo usada com o significado de uma comida: o “cordeiro à moda de monção”:
Notas de Rodapé
-
Sim! Existem viados conservadores. Isso não é um oxímoro =P (mas eu não vou entrar nesse assunto nessa postagem) ↩
-
Infelizmente, eu não o achei em Português. O nome é algo como “Um Guia de Usuário pro Pensamento e o Significado”. É um livro bem amigável sobre como a gente processa as palavras. ↩
-
Eu fiz esforços pra escrever isso de uma “amigável” à totalidade do espectro ideológico, permitindo à direita dizer “homem é um portador dos cromossomos X e Y”, e à esquerda dizer “homem é quem se identifica com o gênero masculino”. Ainda assim, a minha opinião é de que o debate (civilizado) sobre o significado dessa palavra (ou seja, sobre o que signifique “ser homem”, e sobre como isso esteja alinhado às nossas possibilidades tecnológicas atuais) é justamente parte do que a gente chama de “progresso”. ↩
-
Pra falar do Ernesto Araújo, eu peguei notícias do R7 pra tentar agradar ao leitor Bolsonarista. O Bolsonaro normalmente trata duas empresas de notícias como bastante confiáveis: a Jovem Pan, e a R7 (empresa de notícias do Bispo Macedo, da Igreja Universal). ↩
-
Dois amigos meus me passaram um monte de palavras (muitos dos exemplos dessa postagem são fruto da conversa com eles). Por exemplo, “Raiz” (em oposição a “Nutella”) pra algo “originalmente bom”; ou “terrific”, em inglês, que significa “formidável” (mas originalmente significava “muito assustador”); ou “bomba” (que muito mais corriqueiramente na cabeça de um gaúcho significa “o canudo usado pra tomar chimarrão”). De fato, “curtir a cuia” é um procedimento específico relacionado ao chimarrão que não tem nada a ver com “achar algo legal”; e “legal” é algo “bom”, e não algo “relacionado à lei”. Mais nos últimos tempos, na cibercultura inglesa tem coisas como “Chad” ou “Karen”, que são nomes de pessoas usados pra se referir a uns estereótipos típicos dos EUA (mais ou menos como o “tio do Churrasco” no Brasil). ↩